domingo, 3 de julho de 2016

UM MAMUTE REUMÁTICO E OSTEOPORÓTICO QUASE LIQUIDOU A FOX

Cleópatra (Cleopatra, 1963), de Joseph L. Mankiewicz, trouxe algo de relevante para o cinema? Irônicos e otimistas, cada qual do seu modo, dirão que formou um dos casais mais glamourosos da sétima arte. Mas isto é apenas efeito colateral do ambicioso projeto que deixou a 20th. Century-Fox à beira da bancarrota. Ademais, o glamour da união de Richard Burton com Elizabeth Taylor logo deu vazão aos escândalos. A produção é um desastre nos quesitos falsidade e pretensão. A narrativa pomposa empaca na pasmaceira. Exige muito esforço físico para ser acompanhada de uma tacada só, ao longo de 243 minutos. Os cinco anos de produção, de 1958 a 1963, foram marcados por falta de planejamento e indecisões sobre praças de filmagem; pelo roteiro capenga, nunca concluído, e demissões de produtores, técnicos, diretores e atores. Escalado inicialmente para a direção, o talentoso e perfeccionista Rouben Mamoulian pouco pode fazer. Foi afastado para nunca mais voltar ao cinema. O mesmo aconteceu ao experiente produtor Walter Wanger, idealizador do filme. Pretendia realizá-lo sem muito espalhafato, até a ambição desmedida se apoderar da 20th. Century-Fox. Concluir a tarefa ficou a cargo de Joseph L. Mankiewicz, malfadado nas pretensões de fazer um épico com a marca de Shakespeare. Foi despedido e readmitido ao final do processo, pela inútil intervenção de Darryl F. Zanuck. De todo esgotado, duvidando da própria capacidade, Mankiewicz aguardou quatro anos para voltar ao cinema depois de se desentender com romanos e egípcios. A apreciação a seguir, de 1975, passou por revisão e atualização em 1996.







Cleópatra
Cleopatra

Direção:
Joseph L. Mankiewicz
Produção:
Walter Wanger
20th. Century-Fox, MCL Films, Walwa Films S.A.
EUA, Inglaterra, Suíça — 1963
Elenco:
Elizabeth Taylor, Richard Burton, Rex Harrison, Pamela Brown, George Cole, Hume Cronyn, Cesare Danova, Kenneth Haigh, Andrew Keir, Martin Landau, Roddy McDowall, Robert Stephens, Francesca Annis, Grégoire Aslan, Martin Benson, Herbert Berghof, John Cairney, Jacqui Chan, Isabelle Cooley, John Doucette, Andrew Faulds, Michael Gwynn, Michael Hordern, John Hoyt, Marne Maitland, Carroll O'Connor, Richard O'Sullivan, Gwen Watford, Douglas Wilmer e os não creditados John Frederick, Rupert John, Mary Anderson, Jeremy Kemp, Gin Mart, Del Russell, Marina Berti, John Karlsen, Loris Loddi, Jean Marsh, Furio Meniconi, Kenneth Nash, John Valva, Eugene, Gesa Meiken, Marie Deveraux, Michèle Bailly, Kathy Martin, María Badmajew, Maureen Lane, Simon Mizrahi, John Gayford, Audrey Anderson, Barry Lowe, Ben Wright, Boris Nacinovic, Bruna Caruso, Calvin Lockhart, Desmond Llewelyn, Elisabeth Welch, Finlay Currie, Gesa Meiken, Jack Taylor, John Alderson, John Alderton, John Pepper, Larry Taylor, Laurence Naismith, Luigi Martocci, Margaret Lee, María Luz Galicia, Meri Welles, Michela Roc, Mike Steen, Omero Capanna, Paola Pitagora, Peter Forster, Peter Grant, Rod Dana, Ronald Allen, Rosalba Grottesi, Salvatore Billa, Sandra Scarnati, Violeta Montenegro.



O diretor Rouben Mamoulian, à esquerda, iniciou as filmagens, mas foi substituído por Joseph L. Mankiewicz —  à direita, com Elizabeth Taylor, nos bastidores da produção


Arqueólogos e profanadores de tumbas, diretores e produtores de filmes, atentai para a maldição dos inclementes e infalíveis deuses do Egito! Rouben Mamoulian, Joseph L. Mankiewicz e a 20th. Century-Fox que o digam, de tão mal que se deram!


Mamoulian, o primeiro diretor de Cleópatra, não suportou o acúmulo de problemas e praticamente foi obrigado a abandonar o barco. Nunca mais voltaria à atividade — como Walter Wanger, o idealizador do projeto. Mankiewicz assumiu a direção e concluiu a tarefa a duras penas: chegou a duvidar da própria capacidade, tantas vezes comprovada. Traumatizado, aguardou quatro anos para voltar ao métier com Charada em Veneza (The honey pot, 1967). A 20th. Century-Fox entrou em crise administrativa e financeira. Defenestrou o presidente Spiros Skouras, entusiasta da produção. Enterrou perto de 40 milhões de dólares — cerca de 210 milhões em valores de hoje[1] —, nunca recuperados. Até então, filme algum teve custos tão elevados. Para que, afinal? Cleópatra é um suntuoso, monumental e desastroso equívoco. Megalômano desperdício de tempo, talento e dinheiro. É ruim, enfadonho e exageradamente espalhafatoso; verdadeira ode ao mau gosto. Não passa de um filme morto e mal embalsamado; o assustador fantasma da decrépita e agonizante Hollywood da idade do ouro. Paradoxalmente, por tudo isso, deve ser visto.


A rainha Cleópatra, segunda filha do rei Ptolomeu XI, viveu de 69 a.C. a 30 da mesma era. Com ela terminou a dinastia macedônica que governou o Egito após a morte do conquistador Alexandre Magno em 323 a.C. Depois, o país passou ao domínio do Império Romano. Ninfomaníaca, culta, prendada, falava diversas línguas e era versada em assuntos os mais variados: cosméticos, pesos e medidas, numismática, religião, venenos, finanças e administração. Sedutora, cruel e ambiciosa, buscava o triunfo a qualquer preço. Atraiu para seu leito os poderosos Júlio César e Marco Antônio, com os quais teve filhos.


Também fascinou o cinema. Inúmeros filmes lhe foram dedicados. Além do presente, os mais famosos são: Cleópatra (Cleopatra, 1916), de J. Gordon Edwards, estrelado por Theda Bara — a primeira vamp do cinema; Cleópatra (Cleopatra, 1934), de Cecil B. DeMille, com Claudette Colbert; César e Cleópatra (Caesar and Cleopatra, 1945), de Gabriel Pascal, roteirizado por George Bernard Shaw e interpretado por Vivien Leigh. Entretanto, levantamento parcial de Salvyano Cavalcanti de Paiva revela: a rainha do Egito frequenta as telas desde 1899, quando George Mélliès filmou Cléopâtre. A seguir vieram: Anthony and Cleopatra (1908), de Charles Kent; Cleopatra’s lover/A night of enchantment (1909), sem informações sobre o diretor; Cléopâtre (1910), de Henri Andréani e Ferdinand Zecca; Cleópatra (Cleopatra, 1912), de Charles L. Gaskill; A rainha do Egito/O reinado de Cleópatra (La reine d’Egypte, 1913), sem informações sobre o diretor; Marco Antonio e Cleópatra (Marcantonio i Cleopatra, 1913), de Enrico Guazzoni, também diretor de Cleópatra (Cleopatra, 1916). Até o cinema hindu a retratou, em produção de 1913, inédita no Brasil, da qual se desconhecem título original e direção[2].


A mesma fonte ainda lista: Cleópatra moderna (The dark road, 1917), de Charles Miller; Antônio e Cleópatra (Anthony and Cleopatra, 1924), de Bryan Fox; A vida íntima de Marco Antônio e Cleópatra (La vida intima de Marco Antonio y Cleopatra, 1947), de Roberto Gavaldón; A serpente do Nilo (Serpeant of the Nile, 1953), de William Castle, protagonizada por Rhonda Fleming; Duas Noites com Cleópatra (Due notti com Cleopatra, 1953), de Mario Mattoli, com Sophia Loren; A história da humanidade (The story of mankind, 1957), de Irwin Allen; Legiões do Nilo (Le legioni di Cleopatra, 1959), de Vittorio Cottafavi, estrelada por Linda Cristal; O sepulcro dos reis (Il sepolcro dei Re/La vallée des Pharaons, 1960), de Fernando Cerchio, com Debra Paget; Cleópatra, rainha de César (Una regina per Cesare/Cléopâtre, une reine pour César, 1962), de Piero Pierotti e Viktor Tourjansky; Sexy proibitissimo (1963), de Marcello Martinelli; Os apuros de Cleópatra (Carry on Cleo, 1964), de Gerald Thomas; The notorious Cleopatra (1970), de Peter Perry Jr. sob o pseudônimo de A. P. Stootsberry; e À sombra das pirâmides (Anthony and Cleopatra, 1972), de Charlton Heston, com Hildegard Neil. Também há registros dos pornográficos Irresistible (1982), de Ediwin Brown; As últimas noites de Cleópatra (Sogni erotici di Cleopatra 1984), de Rino Di Silvestro sob o pseudônimo de Cesar Todd, e o brasileiro Cleópatra, sua arma era o sexo! (1988), de Carlos Nascimento e Nilton Nascimento. Em 1942, pelo diretor Ibrahim Lama, o Egito produziu Cleobatra, nunca exibido no Brasil[3].


A realização em tela é o melhor exemplo de filme esmagado pelo peso do aparato produtivo. Desde o começo, quando tudo não passava de projeto, equívocos em sucessão — gerados por estupidez, megalomania e artes do imponderável — tomaram conta da idealização de Walter Wanger, então orçada em 1,5 milhão de dólares, a ser inteiramente rodado em Hollywood. Era 1958. A 20th. Century-Fox, por intermédio de Spiro Skouras, emitiu luz verde e escolheu Rouben Mamoulian para dirigir. Ainda não havia roteiro. John De Cuir, desenhista de produção, encarregou-se dos cenários[4]. Nomes para o elenco são cogitados. Elizabeth Taylor, preferida de Wanger, é a protagonista. Também estavam cotadas Joanne Woodward e Joan Collins. Enfileiravam-se na regra três: Brigitte Bardot, Marilyn Monroe, Jennifer Jones, Kim Novak, Audrey Hepburn, Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Susan Hayward, Dolores Michaels, Millie Perkins, Barbara Steele e Suzy Parker[5]. Para Júlio César despontavam Yul Brynner, John Gielgud, Curd Jurgens e Trevor Howard. Marco Antônio poderia ter feições de Kirk Douglas, Marlon Brando, Jason Robards Jr., Stephen Boyd e Richard Basehart[6].


Cleópatra é interpretada por Elizabeth Taylor

Vinte e um de outubro de 1959: Mamoulian aceita a direção. Laurence Olivier recusa o papel de Júlio César. O orçamento encosta nos 5 milhões de dólares. Hollywood, descartada como praça das filmagens, é substituída por Roma (exteriores) e Londres (interiores). O roteiro, ainda incompleto, é trabalhado por Nigel Balchin, Ludi Claire (autor do primeiro esboço), Lawrence Durrell, Dale Wassermann e Marc Brandel. Junta-se ao grupo Nunnally Johnson, logo afastado por desentendimentos com Mamoulian. Os figurinos são confiados a Oliver Messel[7]. O trio principal de intérpretes é fixado em Elizabeth Taylor, Peter Finch para Júlio César e Stephen Boyd como Marco Antônio. A 20th. Century-Fox toma decisão catastrófica: abandona Roma e concentra toda a filmagem nos londrinos Estúdios Pinewood[8].


Mamoulian ordena a primeira tomada em 28 de setembro de 1960. Começa sem Elizabeth Taylor, gravemente enferma desde o começo do mês. Por pouco não faleceu. O péssimo tempo londrino atrasa as externas. A convalescente e temperamental protagonista sobrecarrega a produção com exigências. O atraso no cronograma eleva os prejuízos. Dirigentes da 20th. Century-Fox pressionam o realizador. Momoulian entrega os pontos em 14 de janeiro de 1961. Em quase cinco meses rodou apenas 12 minutos aproveitáveis[9].


O afastamento de Mamoulian paralisa as atividades por quase 8 meses. Perplexa, a 20th. Century-Fox não percebe que tem em mãos uma bomba de efeito retardado. Spiros Skouras convoca Mark Robson para a direção antes de se decidir por Joseph L. Mankiewicz, contratado da casa, para a qual realizou, pouco antes, o então polêmico De repente, no último verão (Suddenly, last summer, 1957), protagonizado por Elizabeth Taylor. A esse fator positivo soma-se outro: o tema de Cleópatra lhe é ligeiramente familiar, dada a realização de Júlio César (Julius Caesar, 1953).


Relutante, Mankiewicz aceita a tarefa. Sua personalidade forte sempre imprimiu inconfundível marca autoral aos trabalhos. Estava ciente de que não teria liberdade criativa em Cleópatra. Apesar disso, alardeou, imprudentemente: 1) daria conta das filmagens em apenas 15 semanas[10]; 2) pretendia homenagear Shakespeare, ao transformar a história da rainha em espécie de prolongamento de Júlio César, baseado em peça do bardo; e, 3) privilegiaria — para desespero da 20th. Century-Fox — o conteúdo dramático e o desenho dos personagens, deixando em segundo plano o tom espetacular. Ora, apesar dos equívocos cometidos a companhia sabia bem o que pretendia: um épico grandioso, enquadrado nos marcos estabelecidos por Hollywood. Enquanto isso  coerente com a carreira firmada desde a estreia na direção com O solar dos Dragonwyck (Dagronwyck, 1946) , Mankiewicz mirava o intimismo, a dimensão histórica e os conflitos psicológicos.


O diretor chegou a Londres em fevereiro de 1961. Juntou-se a Sidney Buchman e Ranald MacDougall para escrever novo roteiro. Considerou o anterior infilmável. Alterou os personagens e o enredo. Privilegiou o humano em prejuízo do espetacular. Apoiou-se em fontes abalizadas: Plutarco, Suetônio, Appien, relatos antigos e o livro The life and times of Cleopatra, escrito em 1957 por Carlo Maria Franzero. Mankiewicz também desqualificou os “catastróficos” cenários. Mas a 20th. Century-Fox bateu o pé e os preservou. Diante da persistência da enfermidade de Elizabeth Taylor e do péssimo tempo londrino, tomou a decisão desastrosa, tão mal calculada, de substituir a capital inglesa por Hollywood[11].


Em abril de 1961 Mankiewicz chegou à Califórnia. Para seu espanto, todos os estúdios da 20th. Century-Fox estavam ocupados — alguns cedidos à televisão; outros, à realização de A maior história de todos os tempos (The greatest story ever told), superprodução de George Stevens finalizada em 1965. A solução foi o retorno à Europa, para alívio financeiro de Elizabeth Taylor: lá pagaria menos impostos sobre o astronômico cachê[12]. Finalmente, em 25 de setembro de 1961 — quase um ano após o início das filmagens por Mamoulian —, Cleópatra começa do zero nos estúdios romanos de Cinecittà. O roteiro nunca ficou definitivamente pronto. Mankiewicz forçou a substituição dos principais nomes masculinos do elenco. Agora, o shakespeareano Richard Burton faria Marco Antônio e Rex Harrison assumiria Júlio César[13]. Os figurinos saem das mãos de Oliver Messel e passam para a responsabilidade de Irene Sharaff (trajes de Cleópatra), Vittorio Nino Novarese (vestes masculinas) e Rénie (demais indumentárias femininas). Os quase quatro meses de filmagem que — segundo Mankiewicz — bastariam para concluir os trabalhos, elevam-se a onze. De setembro de 1961 a julho de 1962, na Itália, reconstituem-se os eventos em torno do Fórum Romano e da Torre Astura nos estúdios de Cinecittà; as encenações de Alexandria, em Anzio; e a Batalha de Actium, nas proximidades da ilha de Ischia. Dez dias de julho são despendidos no Egito, para as sequências do deserto. Na Espanha, em Almeria, alguns dias desse mês e parte de agosto são empregados na Batalha de Pharsale enquanto cenas de interiores são finalizadas em Londres.


Rex Harrison no papel de Júlio César
  
Os custos continuam a se elevar. O roteiro incompleto impede o planejamento das filmagens e a distribuição das tarefas. Assim, Mankiewicz toma a surpreendente decisão de rodar o principal da história segundo a ordem do material escrito. Devido a isso, sucedem-se absurdos, como o que envolveu Pamela Brown: no papel da Suprema Sacerdotisa de Cleópatra, a atriz fica menos de um minuto em cena, mas passou seis meses em Roma, à disposição da produção[14]. O trabalho da segunda unidade começa apenas em 8 de dezembro de 1961, atraso que obriga o próprio Mankiewicz a se envolver em tomadas de atmosfera e multidão, originalmente de responsabilidade daquela equipe. Elizabeth Taylor e Richard Burton se conhecem em 22 de janeiro de 1962. Logo iniciam polêmica, tumultuada e prolongada relação amorosa, que renderá inúmeras matérias jornalísticas, muitas parcerias cinematográficas[15] e incontáveis escândalos.


Richard Burton no papel de Marco Antônio e Elizabeth Taylor como Cleópatra
Burton e Taylor se conheceram durante as filmagens e iniciarem um romance que incendiou fanzines e periódicos especializados em escândalos

Os problemas continuam a inflacionar os custos. Diante disso, a 20th. Century-Fox licencia o produtor Walter Wanger[16] e demite Spiros Skouras[17]. Quando tudo parecia concluído, Daryl F. Zanuck, principal acionista da companhia, assume o controle da produção e lhe altera radicalmente a fisionomia. Ordena nova e mais “enérgica” montagem. Para piorar, demite o realizador por carta na qual elogia a direção, o roteiro e os atores, mas considera a necessidade de reformular as cenas de ação, principalmente as de combate[18]. Mankiewicz concorda, em parte. Reconhece que as sequências de batalha são anticlimáticas, mas acredita na importância maior das relações entre os personagens[19]. Zanuck, por própria conta, dirige planos extras para a Batalha de Actium. Readmite Mankiewicz, que roda em Almeria cenas adicionais da Batalha de Pharsale. Em Londres, filma novos planos da sequência no deserto, com o derrotado Marco Antônio partindo sozinho ao encontro das tropas de Otávio Augusto (McDowall). A esta altura Richard Burton estava na capital inglesa, protagonizando, ao lado de Taylor, Gente muito importante (The V.I.P.s, 1963), de Anthony Asquith. Participa das tomadas adicionais nos Estúdios Pinewood, atuando à frente de backprojections[20].


No final das contas, de nada adiantou a tentativa de revigorar as cenas de ação. As batalhas de Actium e Pharsale são mornas; desprovidas de toda graça.


Cleópatra chega aos cinemas em junho de 1963, quase um ano após o término das filmagens. As prévias convencem a 20th. Century-Fox a reduzir em 22 minutos o tempo de projeção de 243. Elmo Williams faz os cortes à revelia do diretor[21]. Este pretendia uma versão de 256 minutos.


O fracasso nas bilheterias parece inevitável. O reduzido público comparece atraído pelas cenas de banho que expõem generosas (para a época) porções do corpo escultural da protagonista e pelo furor do affair Burton-Taylor — alimentado pela imprensa de escândalos. Resta o Oscar como tábua de salvação. Marmelada da Academia inclui Cleópatra entre os finalistas ao prêmio de Melhor Filme. Mas justiça é feita: ganha As aventuras de Tom Jones (Tom Jones, 1963), de Tony Richardson — produção leve, dinâmica e bem humorada, o contrário da cinebiografia da rainha do Egito. Indicado a Melhor Ator, Rex Harrison perde para Sidney Poitier por Uma voz nas sombras (Lillies of the fields, 1963), de Ralph Nelson. As estatuetas recebidas por Cleópatra são de consolação, nenhuma realmente merecida: Melhor Direção de Arte em Cores para John De Cuir, Jack Martin Smith, Hilyard Brown, Herman Blumenthal, Elven Webb, Maurice Pelling, Boris Juraga e a Decoração de Walter M. Scott, Paul S. Fox e Ray Moyer; Melhor Figurino em Cores, Melhores Efeitos Especiais e Melhor Fotografia em Cores. Nenhuma dessas premiações incrementa a venda de ingressos.


Cleópatra (Elizabeth Taylor) e Marco Antônio (Richard Burton)

Cleópatra (Elizabeth Taylor) no banho
  
A história: após derrotar as forças de Pompeu e se consolidar na direção do Império Romano, o ainda cônsul Júlio César parte para o Egito, em busca do inimigo lá refugiado. Encontra a terra dos faraós dividida por contenda familiar: Ptolomeu XII (O’Sullivan) e Cleópatra, filhos de Ptolomeu XI — deveriam se casar por vontade paterna para juntos governarem o Egito — guerreiam entre si pelo monopólio do poder. Querendo agradar a César, Potinus (Aslan), tutor de Ptolomeu XII, presenteia-o com a cabeça de Pompeu. A oferta produz efeito contrário. Pesaroso com a sorte do oponente, o epiléptico líder romano toma partido de Cleópatra e a auxilia a eliminar a oposição após recebê-la enrolada num tapete. Fascina-se pela beleza, juventude, franqueza e pragmatismo da pretendente ao trono.


César fica nove meses no Egito, o tempo para Cleópatra dar a luz ao filho de ambos, Ptolomeu XIV[22], mais conhecido como Cesário (Del Russell, aos quatro anos; Loris Loddi, aos sete anos; Kenneth Nash, aos 12 anos). Como Calpúrnia (Watford), esposa de César, é estéril, o recém-nascido obtém primazia na linha de sucessão ao controle do Império Romano, para satisfação dos sonhos expansionistas de Cleópatra.


Depois de desenrolado o tapete: Cleópatra (Elizabeth Taylor) e Júlio César (Rex Harrison)

César passa três anos em campanhas pelo fortalecimento do Império. Quando volta à capital, é proclamado ditador pelo Senado. Cleópatra e Cesário são recebidos em Roma de forma espalhafatosa, numa sequência de dar inveja ao mais kitsch carnavalesco. Temerosos, os opositores de César planejam eliminá-lo, para evitar o poder sob controle estrangeiro. Brutus (Haigh), filho adotivo do ditador, está entre os conspiradores. Nos “idos de março”, com Cleópatra e Cesário ainda em Roma, César é assassinado ao chegar ao Senado. Marco Antônio, amigo do morto, age rápido: protege a fuga da rainha do Egito e de Cesário; persegue e mata os conspiradores; aclama Otávio, sobrinho de César, como sucessor. Porém, por decisão do Senado, o Império Romano passa a ser governado pelo triunvirato Marco Antônio/Otávio/Lépidus (que não aparece em cena).


Na repartição do poder, Marco Antônio controla Grécia, Egito e toda a parte oriental do Império. Otávio permanece em Roma e se fortalece política e militarmente. Mina o triunvirato, a começar pelo afastamento de Lépidus. Fragilizado na Grécia, Marco Antônio busca apoio em Cleópatra e cai nos encantos da rainha de 29 anos. Entretanto, é obrigado por Otávio a contrair matrimônio com a irmã deste, a insípida Otávia (Marsh).


Cleópatra (Elizabeth Taylor) e Júlio César (Rex Harrison)

Otávio continua a crescer em prestígio. Pressionado por partidários, Marco Antônio deixa Otávia e reata com Cleópatra. Arma-se o estado de guerra entre Roma e Egito. Sosigenes (Cronyn), emissário da rainha, tenta negociar uma saída pacífica.


O Senado declara guerra ao Egito após pressão de Otávio. Este assassina Sosigenes, que aguardava resposta para levar a Cleópatra. As forças de Marco Antônio são derrotadas na batalha naval de Actium. Acreditando que o amado pereceu, Cleópatra abandona o teatro da luta. Desesperado com isso, Marco Antônio deixa seus comandados à própria sorte. Alcança a rainha e cai em depressão profunda. Sem oposição, Otávio avança. Às portas de Alexandria oferece paz a Cleópatra, desde que entregue Marco Antônio. A proposta é recusada.


Otávio Augusto (Roddy MacDowall)

Psicologicamente refeito, Marco Antônio se reúne ao que sobrou de suas tropas, moralmente abaladas e em estado de animosidade contra o comandante. Muitos desertam e engrossam as fileiras de Otávio. Literalmente só e ciente do que o espera, galopa de encontro ao inimigo, em busca de morte honrosa. Otávio não o satisfaz. Pretende capturá-lo vivo, inclusive Cleópatra, e submetê-los à humilhação pública na entrada triunfal em Roma. Prevendo o pior, a rainha dispensa os auxiliares e tenta salvar Cesário. Interceptado na fuga, o menino é morto. Marco Antônio busca o suicídio e fracassa. Morre auxiliado por Apolodorus (Danova), fiel escravo de Cleópatra que envia o corpo à tumba na qual a rainha se refugia. Por fim ela sai de cena ao se abandonar à picada de uma víbora.


Após 4 horas e três minutos de lenga-lenga pseudoartística, o espectador chega literalmente alquebrado ao fim de Cleópatra. Nem na melhor poltrona o corpo aguenta. O mais surpreendente é a ruindade dos atores, de talentos tantas vezes confirmados, principalmente Burton e Taylor. Não convencem. Rex Harrisson peca por excesso de caracterização. As poucas cenas de ação, tão reclamadas por Daryl F. Zanuck, resultam primárias. Muitas intrigas são mal resolvidas, devido às deficiências do roteiro. Em poucas palavras, Cleópatra é apenas um melodramalhão intimista, o mais pretensioso do gênero.





Direção de fotografia (Color DeLuxe, Todd-AO): Leon Shamroy, Jack Hildyard (não creditado). Roteiro: Sidney Buchman, Ranald MacDougall, Joseph L. Mankiewicz, com base em Plutarco, Suetônio, Appien, relatos antigos, livro The life and times of Cleopatra, de Carlo Maria Franzero; peças Antônio e Cleópatra e Júlio César, de Shakespeare; e o roteiro de George Bernard Shaw para o filme César e Cleópatra (Caesar and Cleopatra, 1945), de Gabriel Pascal. Música e direção musical: Alex North. Desenho de produção: John De Cuir. Figurinos de Elizabeth Taylor: Irene Sharaff. Figurinos masculinos: Vittorio Nino Novarese. Figurinos femininos: Renié. Montagem: Dorothy Spencer, Elmo Williams (não creditado). Efeitos fotográficos especiais: L. B. Abbott, Emil Kosa Jr. Direção de arte: Herman A. Blumenthal, Hilyard M. Brown, Boris Juraga, Maurice Pelling, Jack Martin Smith, Elven Webb. Supervisão de gravação de som: James Corcoran, Fred Hynes. Maquiagem: Alberto De Rossi, Robert J. Schiffer (não creditado). Consultor de cor: Leonard Doss. Gerentes de produção: C. O. Erickson, Forrest E. Johnston, Francisco Ariza (não creditado), Edward Joseph (não creditado). Decoração: Paul S. Fox, Ray Moyer, Walter M. Scott. Gravação de som: Bernard Freericks, Murray Spivack, John L. Mack (não creditado). Direção de segunda unidade: Ray Kellogg, Andrew Marton. Consultor de elenco: Stuart Lyons. Direção musical associada: Lionel Newman. Coreografia: Hermes Pan. Fotografia de segunda unidade: Pietro Portalupi, Claude Renoir. Assistentes de direção: Fred R. Simpson, Richard Lang (não creditado), Gerry O'Hara (não creditado). Gerente de produção da segunda unidade: Saul Wurtzel. Penteados de Elizabeth Taylor: Vivienne Zavitz. Produção executiva (não creditada): Darryl F. Zanuck, Peter Levathes. Arte cênica (não creditada): Bill Anderson, Ferdinand Bellan. Assistente de decoração: José Algueró/Espanha (não creditado). Assistente de direção de arte: Don Picton (não creditado). Carpinteiro de construções: Umberto Dessena (não creditado). Contrarregra da segunda unidade: Don B. Greenwood (não creditado). Desenhista-chefe: Bill Dennison/experiores (não creditado). Gerente de construções: Massimo Palmieri (não creditado). Pintura de cenas: Italo Tomassi (não creditado). Planejamento dos sets (não creditado): Alessandro Alberti, Giovanni Natalucci. Storyboard: Harold Michelson (não creditado). Efeitos especiais: Johnny Borgese (não creditado). Efeitos mecânicos: William F. Mittlestedt (não creditado). Supervisão de miniaturas: Herbert Cheek (não creditado). Arte matte (não creditada): Ralph Hammeras, Joseph Nathanson. Dublês (não creditados): Ken Buckle, Jack Cooper, Alberto Dell'Acqua, Miguel Pedregosa, Joe Powell, Nosher Powell, Doug Smith, John Sullivan, Larry Taylor. Fotografia publicitária: Bernie Abramson (não creditado). Operadores de câmeras (não creditados): Franco Di Giacomo, Gerry Fisher. Assistentes de câmera (não creditados): Gerry Elliott, Sherman Kunkel. Fotografias de cena: Bob Penn (não creditado). Mitras, turbantes e cocares: Wah Chang (não creditado). Jóias: Joan Joseff (não creditada). Guarda-roupa: Ed Wynigear (não creditado). Orquestração (não creditada): Henry Brant, Herbert W. Spencer, David Tamki. Músicos (não creditados): Conrad Gozzo (Trumpete), Uan Rasey (Trumpete). Transportes: Frank Khoury (não creditado). Publicidade (não creditada): Bill Batchelor, Geoff Freeman. Marcação para Elizabeth Taylor: Patricia Beattie (não creditado). Duble para fotos de Elizabeth Taylor: Marie Devereux (não creditada). Contabilidade: Ralph M. Leo (não creditado). Continuidade (não creditada): Lucie Lichtig, Elaine Schreyeck. Empresas de Todd-AO: American Optical Company, Magna Corporation. Fornecimento de gruas: Chapman/Leonard Studio Equipment. Gravação da trilha musical: Private Island Audio. Sistemas de mixagem de som: 70 mm 6 pistas estereofônicas, para cópias em 70 mm; 4 pistas estereofônicas para cópias em 35 mm. Tempo de exibição: 243 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1975; revisto e ampliado em 1996)



[1] Considerando-se o ano de 1996, quando da revisão desta matéria (nota de José Eugenio Guimarães).
[2] Cf. PAIVA, Salvyano Cavalcanti de. Cleópatra, rainha do Egito. Cinemin. Rio de Janeiro: EBAL, n. 65, 5. Série, p. 15, out./1990.
[3] Ibidem.
[4] GUINLE, Pierre. Dossier Mankiewicz. Présence du cinéma. Paris, n. 18, p. 28, nov.1963.
[5] Ibidem. p. 29.
[6] Ibidem.
[7] Ibidem.
[8] Ibidem.
[9] Ibidem.
[10] Ibidem.
[11] Ibidem. p. 29 e 30.
[12] Ibidem. p. 30.
[13] Ibidem.
[14] Ibidem. p. 29.
[15] Depois de Cleópatra, Burton e Taylor estrelaram: Gente muito importante (The V.I.P.s, 1963), de Anthony Asquith; Adeus às ilusões (The sandpiper, 1965), de Vincente Minnelli; Quem tem medo de Virginia Woolf (Who’s afraid of Virginia Woolf?, 1966), de Mike Nichols; Os farsantes (The comedians, 1967), de Peter Glenville; A megera domada (The taming of the Shrew, 1967), de Franco Zeffirelli; Dr. Fausto (Doctor Faustus, 1967), de Richard Burton e Nevill Coghill; O homem que veio de longe (Boom!, 1968), de Joseph Losey; Sob o bosque de leite (Under milk wood, 1971), de Andrew Sinclair; Unidos pelo mal (Hammersmith is out, 1972); de Peter Ustinov; e Os divorciados do século (Divorce his ― divorce hers, 1972), de Waris Hussein.
[16] GUINLE, Pierre. Op. cit. p. 28.
[17] Ibidem.
[18] Ibidem. p. 29.
[19] Ibidem.
[20] Ibidem. p. 30.
[21] Ibidem. p. 31. Atualmente, Cleópatra voltou a circular com tempo de projeção de 243 minutos, pelo menos nas cópias em vídeo (Nota de José Eugenio Guimarães).
[22] Todos os príncipes egípcios da dinastia macedônica chamavam-se Ptolomeu. Na verdade, Cleópatra não reinou sozinha. Formalmente, dividia o poder com o irmão caçula, ainda criança, Ptolomeu XIII (Nota de José Eugenio Guimarães).

10 comentários:

  1. Saudações nobre Eugenio!

    Também me apetece escrever em breve uma matéria sobre este filme no meu blog. A fita sem dúvida é uma colcha de retalhos. Novamente temos aqui a pretensão das pompas, como se tudo isso bastasse para a consagração de uma obra de arte. Entretanto, até diria que toda esta confusão nos bastidores poderia render um ótimo filme, não acha? Talvez sim isto tenha chamado mais a atenção do que o próprio filme ou a vida de Cleópatra.

    Abraços

    Paulo Telles
    Editor do Blog Filmes Antigos Club
    http://articlesfilmesantigosclub.blogspot.com.br/

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    1. Certamente, caro Paulo Telles! Os bastidores confusos e de longa duração são acima de tudo cinematográficos. Quanto à vida de Cleópatra, parece que continua recoberta pelo mistério sempre revolvido das areias do deserto.

      Abraços.

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  2. Eugenio,

    Por tudo o que acabo de ler, Cleópatra não poderia dar certo NUNCA.
    Jesus! Quantos desastres para uma única película!!!

    E sua frase que diz: "Cleópatra não passa de um filme Morto e Mal Embalsamado", é o dito mais acertado e direto atinente a esta obra.

    Mais; os atores estão todos irreconhecíveis mesmo.
    O papel da Liz em poder da Joan Collins, que fizera em 1955, do Hawks, Terra dos Faraós, acredito que teria se saído muito melhor, sem tanto estrelismo e sem os xiliques e exigências naturais da Taylor.

    Assim como o Burton, que era um grande ator, no filme parece mais ser uma mera estátua em todo o seu desenrolar.
    E o Olivier no papel de Cesar seria uma outra coisa. Isso, também, apesar do Harrison ser um bom ator. Mas, acho que não para aquele papel.
    O Laurence tem mais postura, voz mais imposta, presença mais marcante.
    O que não vemos na figura do Harrison. Mas...acho que ele, o Olivier, caiu fora em boa hora. Parecia prever o que viria.

    Entretanto, ali tudo estava errado. Nada ali daria certo jamais. Depois de tudo o que dizes que aconteceu, o melhor seria a Cia. estancar a criação do filme e atirar o que já estava pronto no Arquivo Morto. Seria isso vantagem enorme para a Fox. Claro que se tivessem o poder visionário de conhecer o futuro.

    Cleópatra tem muito a ver com a produção de ...E O Vento Levou/39, que andou tendo problemas muitos semelhantes, mas que ao final terminou tudo dando certo. Felizmente, embora houvesse ali a troca de mais diretores.

    De todos os filmes citados voltados para Cleópatra, eu vi A Serpente do Nilo/53, do Castle e, observo, LEGIÕES DO NILO/59, do Cottafavi, que eu assisti com o titulo de AS LEGIÕES DE CÉSAR. Isto, porém, é uma situação de ocorrência muito constante. No entanto, é o mesmo filme.

    Enfim, mais uma nota que informa com extremos detalhes tudo o quanto o cinéfilo precisa conhecer desta malfadada produção.
    Jesus! Quantos desastres para uma só fita!!!

    jurandir_lima@bol.com.br



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    1. Inacreditável, mesmo, Jurandir, foi a Fox acreditar que seria um filme em tudo insuperável nas bilheterias. Acreditou nisso até amargo e decepcionante fim.

      Abraço.

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  3. Telles,

    Estes acontecimentos de Cleópatra costumam ocorrer muito em grandes produções. Apenas não temos conhecimento de muitas delas.

    Lembra do filme do Mann/64, A Queda do Império Romano? Alguma coisa deve ter ocorrido com a produção daquela fita.
    Talvez com menos intensidade de Cleópatra, mas dentro desta mesma ordem.

    Não há como justificar o Mann e a mesma Cia. ter criado poucos anos antes o espetacular El Cid, que fez aquele suntuoso sucesso, e é mesmo uma fita espetacular, e logo em seguida A Queda...se transformar no que se transformou; um verdadeiro elefante colorido nas prateleiras da Metro.

    Conforme acabo de citar em minha fala, ...E O Vento Levou caminhou quase que trilhando o mesmo caminho de Cleópatra, inclusive demitindo muitos mais profissionais que o filme do Mankiewicz.

    Felizmente a fita saiu sucesso e não deu o prejuizo que Cleópatra deu.
    Sendo até considerado o filme que mais rendeu em toda a historia do cinema.

    Acho até, caro amigo, que já fizeste uma matéria sobre A Queda do Imperio Romano.
    Andei catando no seu blog para confirmar, mas não foi fácil localizar a postagem que falas na megalomania do dirigente da Metro.

    PS: recordo. Recordo que foi esta a razão fundamental da queda do filme do Mann/64. Lembro que falaste profundamente do assunto e a abordagem foi exatamente a que ponho em foco.

    É isso, é isso, amigo. Os homens às vezes se acham demais e terminal por darem passos maiores que suas pernas podem alcançar.

    Abração

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Jurandir e Paulo Telles;

      Não conheço, ainda, a postagem do Telles sobre A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO. Mas tenho um certo apreço por esta realização do Mann. Um dia, quem sabe, a depender dos dados da sorte, eu publique a apreciação que escrevi para o filme. Porém, Jurandir, não é produção da Metro. A companhia do leão sequer participou da distribuição. É produção independente do big produtor Samuel Bronston, o mesmo que bancou EL CID, também dirigido pelo Mann. A companhia que distribuiu A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO quando do lançamento, ao menos nos Estados Unidos e no restante do continente americano, foi a Paramount.

      Abraços.

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  4. Eugenio,

    Mesmo cometendo este pequeno deslize, o detalhe torna-se dispensável de desculpas, porque não foi a Metro ou a Paramnont quem pecou pelo insucesso do filme do Mann.

    O grande problema é que eu, não dispondo de meios mais potentes para melhor informes quando da vista dos filmes, pois era tudo apenas memorizado, tal qual quase tudo o que cito, estarei quase sempre sujeito a este tipo de pequenos deslizes, o que, conforme já citei, independe de qualquer desculpa por se tratar de algo sem grandes significados.

    Vou ser mais visível no que tento dizer; quando via um filme, o que me ficava na memória era a Cia. que se mostrava na Tela na abertura da fita.

    Por esta razão nunca houve preocupações com atinência a nomes de produtores independentes ou coisas correlativas e sim apenas com aos nomes; Metro, Fox, Paramont, Warner, Columbia, Condor, Republic, Art,
    AA, United Art., Rank, Iglu, Cinedistri, Atlantida, Imperial, American, Universal dentre mais algumas que ainda hoje mantenho transcritas em meus Alfarrábios, que é onde me baseio para falar, recorrendo raramente à Internet.

    Observar que isto aqui não é uma resposta grosseira ao bom amigo e sim um informe para a preparação de mais possíveis enganos como o do momento pelo fato que tentei expor detalhadamente.

    jurandir_lima@bol.com.br

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  5. Eu acho que os produtores e escritores confiou demasiado na beleza de Elizabeth Taylor .... Até à data, um filme é lembrado mais por ela do que para a mesma história ....
    Grande revisão céu, a precisão dos dados históricos que você traz espanta como fotografias, sempre me apaixonar por me imagens e, claro, com a sua tinta indelével
    Obrigado por compartilhar, milhares de beijos .... !!!

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    1. Na verdade, Maria Del Socorro, os produtores, ambiciosos, ultrapassaram tudo o que era permitido em termos de risco e cautela. Quanto a Elizabeth Taylor, foi outro problema. Gracias pelo aporte, querida.

      Beijos, abraços, saludos.

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